quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Curtas na sala de aula

Posted: 30 Aug 2013 02:30 PM PDT
Encerra hoje o 24º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. Durante a semana, a cidade de São Paulo mais de 412 filmes, produzidos em 50 países, em suas tradicionais mostras Internacional, Latino-americana, Brasil e Panorama Paulista e em 14 Programas Especiais. As produções desse ano refletem além de um momento do cinema, um contexto histórico, e através de mostras e programas, debateu temas atuais, como o programa “Estado Crítico – Direitos Humanos e suas Representações”, que reuniu curtas brasileiros recentes com questões sociais e humanas, como a questão do transporte público, tão discutida durante as manifestações, a ineficiência da justiça, o problema do crack nas grandes cidades, a violência contra a mulher, o descaso com a saúde dos idosos e a deficiência auditiva.

Que o cinema é muito útil como ferramenta pedagógica, nós já sabemos. O que muita gente pode não ter pensado ainda, é que a utilização de curtas-metragens em sala de aula pode enriquecer e dinamizar ainda mais a aula. Por serem filmes de pequena duração, normalmente com até 30 minutos, os curtas são uma excelente opção para introduzir o cinema em sala de aula.

O professor João Luís de Almeida Machado é consultor e redator do portal Curta na Escola, um projeto que surgiu em 2007, a partir do Porta Curtas Petrobras, com o objetivo de apresentar filmes nacionais em curta-metragem como recursos pedagógicos de alto potencial. O Portal reúne ferramentas interativas integralmente dedicadas a promover o uso dos curtas-metragens brasileiros na educação. Além disso, João Luís publicou vários livros, como o Na Sala de Aula com a Sétima Arte: Aprendendo com o Cinema. Segundo ele, “no caso dos curtas, há várias qualidades inerentes, como por exemplo, o fato de terem entre 1 e 30 minutos de duração, o que faz com que seja possível utilizá-los dentro do tempo de uma hora-aula”.

Conforme explica o Portal, a ideia de incentivar o uso de filmes de curta metragem brasileiros como material de apoio pedagógico em salas de aula já existia desde o início do projeto Porta Curtas Petrobras, em agosto de 2002. A partir de 2006, pedagogos especializados passaram a contribuir com sugestões e planos de aula sobre como utilizar cada filme indicado na abordagem de variadas disciplinas.

Aqui no Portal Tela Brasil nós contamos com a sessão Em Sala de Aula, que reúne várias indicações de filmes longas-metragens a serem abordados em sala de aula com uma sugestão de direcionamento da aula. Bem parecida com essa sessão, porém com curtas-metragens, o Curta na Escola disponibiliza ao professor informações e indicações de filmes de acordo com o gênero, nível de ensino, faixa etária ou por disciplinas. Além disso, os professores cadastrados podem compartilhar suas experiências e dividir comentários e discussões.

Diante da chamada geração Z, povoada de jovens profundamente envolvidos com mídias digitais e integralmente conectados à internet, é preciso também pensar em alternativas práticas, para não dispersá-los rapidamente. “Os curtas, como aqueles do acervo Curta na Escola, pelo seu tempo reduzido, têm a metragem ideal para usar na escola”, afirmou o professor João Luís. Portanto, fiquem atentos a Mostras e Festivais como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo de curtas-metragens, pois são uma excelente ferramenta para prender a atenção desses jovens e motivá-los.

Confira os curtas e o material do site Curta na Escola: www.curtanaescola.org.br

Serra Pelada – A Lenda de Ouro da Montanha

Posted: 25 Oct 2013 06:06 AM PDT
Depois de Serra Pelada, longa-metragem de Heitor Dhalia em cartaz desde o último dia 18, o garimpo volta a ganhar as telonas. Estreia na sexta (25.10), o documentário Serra Pelada – A lenda da Montanha de Ouro, dirigido por Victor Lopes.

O TelaBr conversou com o diretor sobre a produção, pesquisa e edição do filme.
Segundo Victor, a ideia do longa surgiu há 11 anos, quando o cineasta foi produzir um vídeo institucional para a Vale, empresa mineradora situada na região. “Sempre digo que ali é um lugar épico. Ali houve a segunda maior concentração de trabalho humano no mundo depois das pirâmides do Egito. Foi muito enriquecedor.”
A pesquisa exigiu esforço e cuidado. “Eu brinco dizendo que o cinema é um garimpo. Tive acesso a todas as imagens de arquivo de Serra Pelada, incluindo um filme perdido narrado por Orson Welles. Meu trabalho para a Vale me ajudou a ter o primeiro contato com os garimpeiros”.  Fazer o recorte de 40 anos de história em um longa metragem e comprar todo o arquivo, foram as principais dificuldades encontradas pela equipe durante a fase de produção.  Os obstáculos, no entanto, cederam espaço à imersão nos estudos e diferentes possibilidades de tratar o assunto.
Para Lopes, encontrar personagens que dedicaram suas vidas ao trabalho exaustivo no garimpo foi uma experiência marcante. De acordo com o diretor, o documentário “revela a percepção profunda da realidade do mundo que os garimpeiros, alguns pobres e muitas vezes sem estudo, possuíam”.  Entre tantas histórias encontradas não foi fácil escolher quais entrariam no longa-metragem. Eliezer Batista, na época presidente da então estatal Vale do Rio Doce e Sebastião Curió, ex-militar, interventor do garimpo e adorado na região – (chegou a ser homenageado com o nome da cidade Curiópolis), são personagens centrais da narrativa.
O documentário ainda entrevista garimpeiros desconhecidos. Destaque para Raimunda, uma das primeiras mulheres a entrar em Serra Pelada. “Ela é uma espécie de Diadorim da vida real, se passava por homem para caçar ouro e quando via que estava correndo risco de ser descoberta mudava de região”.
Depois de tanta inspiração, quer uma dica para produzir seu próprio documentário?  Victor Lopes considera um fator importante apropriar-se do assunto e prestar atenção no subtexto da narrativa.  “Fazer um documentário é entrar na vida de alguém. Quando isso é percebido e respeitado por quem filma gera um nível de confiança e força que sempre volta nas imagens.” Assim fica mais fácil entender como o diretor conseguiu documentar a montanha de 150 metros de altura que cedeu lugar ao imenso lago de 150 metros de profundidade e hoje é Serra Pelada