sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

5ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul – Programação Goiânia – 3-9/12

 

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SERVIÇO

EVENTO: 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

DATA: 03 a 09/12/2010

LOCAL: Cine Cultura (Praça Cívica, nº 2, Centro. Goiânia – GO)

SESSÕES: 14h, 16h, 18h, 20h (verifique a classificação indicativa de cada sessão)

ENTRADA FRANCA

MAIS INFORMAÇÕES: www.cinedireitoshumanos.org.br

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5ª MOSTRA CINEMA e DIREITOS HUMANOS

NA AMÉRICA DO SUL

PROGRAMAÇÃO

LOCAL


Cine Cultura – Sala Eduardo Benfica
98 lugares
(62) 3201-4646
Praça Cívica, nº 2

ENTRADA FRANCA

www.cinedireitoshumanos.org.br

03/12 - SEXTA-FEIRA

TEMAS

SESSÃO

Memória e verdade

Combate à tortura

Vida e integridade física

Direitos dos refugiados


19h30 – Sessão de Abertura

VIDAS DESLOCADAS - João Marcelo Gomes (Brasil, 13 min, 2009, doc)
PERDÃO, MISTER FIEL - Jorge Oliveira (Brasil, 95 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

04/12 - SÁBADO

TEMAS

SESSÃO

Pessoa com deficiência Populações indígenas

Populações tradicionais


14h

DOIS MUNDOS – Thereza Jessouroun (Brasil, 15 min, 2009, doc)
AMÉRICA TEM ALMA - Carlos Azpurua (Bolívia/ Venezuela, 70 min, 2009, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Pessoa com deficiência

Direito à cultura

Inclusão social

Criança e adolescente

16h

GROELÂNDIA - Rafael Figueiredo (Brasil, 17 min, 2009, fic)
MUNDO ALAS - León Gieco, Fernando Molnar, Sebastián Schindel (Argentina, 89 min, 2009, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

Democracia e direitos humanos

18h

A BATALHA DO CHILE II – O GOLPE DE ESTADO - Patricio Guzmán (Chile/ Cuba/ Venezuela/ França, 90 min, 1975, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Direito à justiça

Direitos humanos econômicos e sociais

20h

ABUTRES - Pablo Trapero (Argentina/ Chile/ França/ Coréia do Sul, 107 min, 2010, fic)
Classificação indicativa: 16 anos

05/12 – DOMINGO

TEMAS

SESSÃO

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

Direito à Terra

Conflitos fundiários

Trabalho e alimentação


14h

A VERDADE SOTERRADA - Miguel Vassy (Uruguai/ Brasil, 56 min, 2009, doc)

ROSITA NÃO SE DESLOCA - Alessandro Acito, Leonardo Valderrama (Colômbia/ Itália, 52 min, 2009, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

16h
HÉRCULES 56 - Silvio Da-Rin (Brasil, 94 min, 2006, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

Trabalho decente

Combate à pobreza

Direitos da juventude

Inclusão social

18h
DIAS DE GREVE – Adirley Queirós (Brasil, 24 min, 2009, doc)

PARAÍSO - Héctor Gálvez (Peru/ Alemanha/ Espanha, 91 min, 2009, fic)

Classificação indicativa: 12 anos

População carcerária

Direitos da Mulher

Diversidade religiosa

Direito à Saúde

Criança e adolescente

Pessoa idosa

20h

CARNAVAL DOS DEUSES - Tata Amaral (Brasil, 9 min, 2010, fic)

MEU COMPANHEIRO - Juan Darío Almagro (Argentina, 25 min, 2010, doc)

LEITE E FERRO - Claudia Priscilla (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 16 anos

06/12 – SEGUNDA-FEIRA

TEMAS

SESSÃO

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

14h – AUDIODESCRIÇÃO
PRA FRENTE BRASIL - Roberto Farias (Brasil, 105 min, 1982, fic)

* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.

Classificação indicativa: 14 anos

População carcerária

Direitos da Mulher

Saúde Mental

16h
A CASA DOS MORTOS - Debora Diniz (Brasil, 24 min, 2009, doc)

CLAUDIA - Marcel Gonnet Wainmayer (Argentina, 76 min, 2010, doc)

Classificação indicativa: 14 anos

Inclusão social

Direito à Cultura

Comunicação democrática

Pessoa com deficiência

Diversidade religiosa

Relações Intergeracionais

18h

ALOHA - Paula Luana Maia / Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)

AVÓS - Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)

CINEMA DE GUERRILHA - Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min, 2010, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e verdade

Integridade física

20h
KAMCHATKA - Marcelo Piñeyro (Argentina/ Espanha/ Itália, 103 min, 2002, fic)

Classificação indicativa: livre

07/12 – TERÇA-FEIRA

TEMAS

SESSÃO

Memória e verdade

Pessoa com deficiência

Diversidade religiosa

Relações intergeracionais

Cidadania LGBT


14h – AUDIODESCRIÇÃO

AVÓS - Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
ALOHA - Paula Luana Maia, Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)

CARRETO - Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)

EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO - Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)

* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

16h
VLADO, 30 ANOS DEPOIS - João Batista de Andrade (Brasil, 85 min, 2005, doc)

Classificação indicativa: 14 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

18h
A HISTÓRIA OFICIAL - Luis Puenzo (Argentina, 114 min, 1985, fic)

Classificação indicativa: 12 anos

Cidadania LGBT

20h
XXY - Lúcia Puenzo (Argentina/ França/ Espanha, 86 min, 2006, fic)

Classificação indicativa: 16 anos

08/12 – QUARTA-FEIRA

TEMAS

SESSÃO

Povos indígenas

Meio ambiente

Participação política

Diversidade religiosa

OBS: SESSÃO SEGUIDA DE DEBATE


14h
MÃOS DE OUTUBRO - Vitor Souza Lima (Brasil, 20 min, 2009, doc)

JURUNA, O ESPÍRITO DA FLORESTA - Armando Lacerda (Brasil, 86 min, 2009, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e Verdade

Combate à tortura

Integridade física

Relações Intergeracionais

16h
HALO - Martín Klein (Uruguai, 4 min, 2009, fic)
ANDRÉS NÃO QUER DORMIR A SESTA - Daniel Bustamante (Argentina, 108 min, 2009, fic)

Classificação indicativa: 12 anos

Cidadania LGBT

Pessoa idosa

Relações intergeracionais

Direitos da Mulher

18h
MARIBEL - Yerko Ravlic (Chile, 18 min, 2009, fic)

O QUARTO DE LEO - Enrique Buchichio (Uruguai/ Argentina, 95 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 14 anos

Relações intergeracionais

Pessoa idosa

Saúde mental

20h
O FILHO DA NOIVA - Juan José Campanella (Argentina/ Espanha, 124 min, 2001, fic)

Classificação indicativa: livre

09/12 – QUINTA-FEIRA

TEMAS

SESSÃO

Memória e verdade

Integridade física

Combate à tortura

Cidadania LGBT

Cultura

14h

ENSAIO DE CINEMA - Allan Ribeiro (Brasil, 15 min, 2009, fic)

108 - Renate Costa (Paraguai/ Espanha, 91 min, 2010, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

População afrodescendente

Cidadania LGBT

Pessoa com deficiência

16h

CARRETO - Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)
BAILÃO - Marcelo Caetano (Brasil, 17 min, 2009, doc)

DEFENSA 1464 - David Rubio (Equador/ Argentina, 68 min, 2010, doc)

Classificação indicativa: 12 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Relações intergeracionais

18h
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS - Cao Hamburger (Brasil, 110 min, 2006, fic)

Classificação indicativa: 10 anos

Memória e verdade

Combate à tortura

Integridade física

Pessoa com deficiência

Cidadania LGBT

20h

EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO - Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)

IMAGEM FINAL - Andrés Habegger (Argentina, 94 min, 2008, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

* O formato de exibição dos filmes é beta analógica.

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Realização:

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Produção:

Cinemateca Brasileira

Patrocínio:

Petrobras, por meio da Lei Rouanet

Apoio:

Sociedade Amigos da Cinemateca, SESC-SP, Ministério das Relações Exteriores e TV Brasil

5ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA AMÉRICA DO SUL

GOIÂNIA RECEBE A 5ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS

*Evento de abertura acontece no dia 03 de dezembro, sexta-feira, às 19h30 no Cine Cultura com a exibição de um curta e do longa-metragem PERDÃO MISTER FIEL, de Jorge Oliveira*

*exibições gratuitas acontecem de 03 a 09 de dezembro em Goiânia*

*programação reúne 41 filmes, representando dez países da América do Sul*

*acessibilidade garantida em sessões com audiodescrição e closed caption*

*“Direito à Memória e à Verdade” é o tema da Retrospectiva Histórica, reunindo clássicos como “A Batalha do Chile”, “A História Oficial” e “Pra Frente Brasil”*

*Este ano a Mostra homenageia o ator argentino Ricardo Darín, que vem ao Brasil participar do evento*

CREDENCIAMENTO DE IMPRENSA

Abertura da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos

Dia 03/12, sexta-feira, às 19h30 no Cine Cultura

Presença de Rogério Sotilli, secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Enviar nomes para daniele@procultura.com.br ou flavia@procultura.com.br

Goiânia recebe a 5ª edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul que em 2010 chega a 20 capitais, quatro a mais que na edição anterior. A programação acontece entre os dias 03 e 09 de dezembro no Cine Cultura com entrada gratuita. No evento de abertura, marcada para às 19h30, haverá a exibição de um curta-metragem e do longa PERDÃO MISTER FIEL, de Jorge Oliveira. Pela primeira vez, um documentário mostra como morreram alguns jovens que se rebelaram contra o terror da ditadura. Entrevistas com trinta personalidades brasileiras, entre presidentes de estados, historiadores, escritores, ex-presos e exilados, contando suas experiências pessoais e analisando o contexto político nacional e internacional que motivou a barbárie da ditadura militar.

Com entrada gratuita em todas as sessões, a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul exibe, a partir de 8 de novembro, 41 títulos em 20 capitais brasileiras: Aracaju (10-16/12), Belém (25-28/11 e 2-5/12), Belo Horizonte (13-19/12), Brasília (16-23/11), Cuiabá (10-18/11), Curitiba (17-23/11), Fortaleza (8-14/11), Goiânia (3-9/12), João Pessoa (11-18/11), Maceió (29/11-9/12), Manaus (29/11-5/12), Natal (18-25/11), Porto Alegre (23-28/11), Recife (6-12/12), Rio Branco (6-12/12), Rio de Janeiro (30/11-5/12), Salvador (3-9/12), São Luís (29/11-5/12), São Paulo (19-25/11) e Teresina (11-17/11).

No total, estão representados nesta quinta edição da Mostra dez países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Realizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira e patrocínio da Petrobras por meio da Lei Rouanet, o evento é dedicado a obras que abordam questões referentes aos Direitos Humanos, produzidas recentemente nos países sul-americanos. Entre outros, estão presentes na programação temas como o direito à terra, ao trabalho, à inclusão social, à diversidade étnica, à diversidade religiosa, à solidariedade intergeracional da cidadania LGBT, o direito à memória e à verdade, direitos dos povos indígenas, das pessoas com deficiência, da pessoa idosa, da criança e do adolescente, da população carcerária, da população afrodescendente e dos refugiados.

Em todas as cidades acontecem sessões com audiodescrição e closed caption, garantindo o acesso a pessoas com deficiência visual e ou auditiva.

A 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil e da Sociedade Amigos da Cinemateca. As obras mais votadas pelo público são contempladas com o Prêmio Aquisição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. A programação tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho. Mais informações podem ser acessadas no site www.cinedireitoshumanos.org.br.

Homenagem a Ricardo Darín

Entre os destaques desta 5ª edição da Mostra, está a homenagem ao ator Ricardo Darín, um dos mais populares atores da televisão e do cinema argentino, consagrado com o sucesso popular do longa-metragem “O Filho da Noiva” (de Juan José Campanella, 2001). Incluída na programação, a obra, sobre um homem em crise que tenta reconstruir seu passado, foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Ricardo Darín comparece ao evento e apresenta a sessão em São Paulo do longa inédito comercialmente no Brasil "Abutres", obra lançada no Festival de Cannes de 2010 e dirigida pelo cineasta argentino Pablo Trapero. No filme, Darín vive um advogado em busca de vítimas de acidentes de trânsito para tirar a maior indenização possível das seguradoras e ficar com uma gorda comissão.

Co-estrelado por Cecília Roth e também indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, “Kamchatka” é dirigido por Marcelo Piñeyro (2002) e aborda as lembranças de uma criança durante a ditadura argentina da década de 1970, na qual sua família é obrigada a esconder-se para não ser presa.

Completa a homenagem o vencedor da Semana da Crítica do Festival de Cannes “XXY” (2006), de Lúcia Puenzo (filha de Luís Puenzo, diretor de “A História Oficial”, título presente na Retrospectiva Histórica da Mostra). O enredo conta a história de um adolescente intersexual que, devido a uma doença genética, apresenta características de ambos os sexos.

Retrospectiva Histórica – Direito à Memória e à Verdade

“Direito à Memória e à Verdade” é o mote para a Retrospectiva Histórica desta edição do evento, reunindo títulos que retratam fatos e consequências de ditaduras militares que assolaram a América do Sul em décadas recentes.

Uma das únicas produções latino-americanas a conquistar o Oscar de melhor filme estrangeiro e considerado o filme argentino mais premiado de todos os tempos, “A História Oficial” (de Luís Puenzo, 1985) tem como protagonista uma professora de história com a suspeita de que a menina que adotou seja filha de uma desaparecida política, vítima da repressão militar. Considerada como a melhor atriz do Festival de Cannes por seu trabalho como protagonista do longa, Norma Aleandro está também no elenco de “Andrés Não Quer Dormir a Sesta”, da seção Contemporâneos, e ainda em “O Filho da Noiva”, da Homenagem a Ricardo Darín.

Estrelado por Reginaldo Farias e Antônio Fagundes, o brasileiro “Pra Frente, Brasil” (Roberto Farias, 1982) teve sua exibição inicialmente censurada, sendo liberado posteriormente. Seu enredo se passa à época dos chamados anos de chumbo. Enquanto a Seleção Brasileira de Futebol conquistava a Copa do Mundo sediada no México, prisioneiros políticos eram torturados por agentes da repressão oficial e inocentes acabavam vítimas dessa violência.

Considerado um dos melhores e mais completos documentários latino-americanos, “A Batalha do Chile” é o resultado de seis anos de trabalho do cineasta Patricio Guzmán. A 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul exibe a segunda das três partes da obra, intitulada “O Golpe de Estado” (1977), no qual são documentados com detalhes todos os momentos que antecederam a derrubada do presidente Salvador Allende.

Exibido em Berlim, vencedor do prêmio da crítica em Guadalajara e do prêmio do público no Festival do Rio, o brasileiro “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” (Cao Hamburger, 2006) se passa em plena ditadura militar brasileira, quando um garoto de 12 anos é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma “estranha” e divertida comunidade. No elenco, estão Caio Blat, Paulo Autran e Simone Spoladore.

O caso de tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado numa cela do DOI-Codi em São Paulo, é investigado em “Vlado – 30 Anos Depois”, longa realizado em 2005 por João Batista de Andrade. Símbolo da luta pela democracia, a morte de Herzog causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela democratização do país.

Em 7 de setembro de 1969, um avião da Força Aérea Brasileira levou ao México quinze presos políticos que foram trocados pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil ,Charles Burke, em um dos episódios mais tensos da história recente do país. No longa “Hércules 56” (Sílvio Da-Rin, 2006), os nove remanescentes do grupo e cinco membros das organizações responsáveis pelo sequestro rememoram a ação e discutem a luta armada contra a ditadura militar.

Contemporâneos

A seção traz obras assinadas pelos brasileiros Tata Amaral (com o curta “Carnaval dos Deuses”, parte do longa internacional de episódios ainda inédito “Then and Now - Beyond Borders and Differences”) e Evaldo Mocarzel (“Cinema de Guerrilha”, sobre jovens realizadores audiovisuais moradores de periferia), além de várias produções inéditas no Brasil.

Exibido pela primeira vez no Brasil, o argentino “Imagem Final” (de Andrés Habegger), apresenta uma reveladora investigação sobre a morte do fotojornalista Leonardo Henrichsen que, em Santiago do Chile nas movimentações pré-golpe de Estado de junho de 1973, filma sua própria morte, em uma das imagens mais famosas da História. Decorridos 33 anos, um jornalista chileno descobre a identidade do homem que o matou.

Também inédito é “Rosita Não Se Desloca” – de Alessandro Acito e Leonardo Valderrama --, produção colombiana sobre uma pequena agricultora indígena da Colômbia, personagem das ruas de Bogotá, uma das mais de três mil pessoas expulsas de suas terras (denominadas “desplazadas”), seja pelas FARC, seja pelo exército do governo ou ainda pelas forças paramilitares.

Outro lançamento no país é o paraguaio “108”, de Renate Costa, no qual a diretora, na busca pelos rastros da vida de seu tio, descobre que na década de 1980 (quando o Paraguai vivia sob ditadura comandada pelo general Alfredo Stroessner), ele teria sido incluído em uma das “108 listas de homossexuais”, preso e torturado. O filme teve sua estreia mundial este ano no Festival de Berlim e foi premiado no BAFICI, o Festival de Cinema Independente de Buenos Aires.

Uma das responsáveis por um rumoroso caso de duplo homicídio, que a levou à detenção por 26 anos e que inspirou um dos capítulos da popular série de televisão argentina “Mulheres Assassinas”, Cláudia Sobrero é acompanhada, ao sair da prisão, pelas câmeras do diretor Marcel Gonnet Wainmayer. Longa inédito no Brasil, “Cláudia” acompanha a reconstrução de seus laços familiares, sua relação amorosa e sua presença cotidiana na cidade.

A lista de filmes Contemporâneos desta edição da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos inclui ainda a produção argentina “Andrés Não Quer Dormir a Sesta”, vencedora do prêmio do público no Festival de Montreal e de tripla premiação no Festival de Trieste. Passado nos anos 1970 e estrelado por Norma Aleandro (de “A História Oficial” e “O Filho da Noiva”), o filme acompanha um garoto que passa a residir em um bairro onde funciona um centro de detenção clandestino.

Eleito melhor longa-metragem documental no Festival de Paulínia deste ano, “Leite e Ferro”, de Claudia Priscilla, traça um retrato da vivência da maternidade em uma situação limite, abordando amamentação, sexualidade, drogas e religião no cárcere.

Questões relativas à maternidade também estão no centro da narrativa do curta-metragem chileno “Maribel”, de Yerko Ravlic, passado em bairros populares de Valparaíso.

Jovens amigos moradores de um bairro de marginalizados localizado nos arredores da cidade de Lima conduzem a narrativa do longa peruano “Paraíso” (de Héctor Gálvez), realizado em coprodução com Alemanha e Espanha. Eles passam os dias sem saída, sem oportunidades nem futuro, mas com a sensação de que têm que fazer alguma coisa.

A morte sob tortura do operário comunista Manoel Fiel Filho por agentes da repressão, em 1976, nos porões do DOI-Codi em São Paulo, é a base do longa “Perdão, Mister Fiel”, de Jorge Oliveira, que discute a intervenção dos Estados Unidos nos países da América do Sul, nas décadas de 1970 e 1980, e a caça impiedosa aos comunistas pela “Operação Condor”, idealizada pela CIA e adotada pelos regimes militares do Cone Sul.

Efeitos de ditaduras militares no Cone Sul também estão em foco na coprodução de Uruguai e Brasil “A Verdade Soterrada”, de Miguel Vassy. Em busca da verdade, o filme resgata os testemunhos das vítimas do terrorismo de Estado e revela que, hoje, a sociedade uruguaia encara de que forma se deve desenterrar esse passado e promover a justiça.

“O Quarto de Leo”, de Enrique Buchichio, é uma coprodução do Uruguai e Argentina que focaliza o reencontro de um jovem em pleno processo de autoaceitação e definição sexual com uma ex-colega de quem gostava quando eram crianças. Este reencontro casual terá repercussões nos conflitos de cada um, sem que nenhum deles saiba realmente o que acontece com o outro.

Sucesso em festivais, “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, curta do brasileiro Daniel Ribeiro, tem como protagonista um adolescente cego, cuja vida muda completamente com a chegada de um novo aluno em sua escola, obrigando-o a entender os sentimentos despertados pelo novo amigo.

Um dos curtas-metragens brasileiros de maior repercussão da última safra, "Bailão", de Marcelo Caetano, trata da memória de uma geração, tendo por cenário um baile gay que se realiza há décadas no centro da cidade de São Paulo. A obra foi vencedora do festival Cine PE, de Recife, e recebeu convites para eventos na América Latina e Europa.

O tema da imigração está no centro da coprodução entre a Argentina e o Equador “Defensa 1464”, na qual o diretor David Rubio acompanha história de um grupo de migrantes afro equatorianos que em Buenos Aires repensam e resgatam a história de seus antepassados.

Igualmente são imigrantes os protagonistas do curta brasileiro “Vidas Deslocadas”, de João Marcelo Gomes, que retrata a vida de um casal palestino reassentado no Brasil em 2007, após quatro anos vivendo em um campo de refugiados entre Iraque e Jordânia.

Recebido como uma experiência musical sobre a superação e o amor, o Road movie argentino “Mundo Alas” (de Alas León Gieco, Fernando Molnar e Sebastián Schindel), é uma viagem iniciática de um grupo de jovens artistas – todos portadores de necessidades especiais - que mostra sua trajetória durante uma turnê de contagiantes apresentações que combinam música, dança e pintura.

Por sua vez, o recém-finalizado curta-metragem brasileiro “Aloha”, de Paula Luana Maia e Nildo Ferreira, conta a história de personagens com deficiência física que, através do surfe, encontraram a superação para os desafios de suas vidas.

Uma coprodução entre Bolívia e Venezuela, “América Tem Alma”, de
Carlos Azpurua, focaliza o Carnaval de Oruro, destacado como a expressão máxima de alegria, diversidade e reconciliação coletiva da Bolívia ao reunir diferente setores que dançam em um coro de vida e morte, no qual – momentaneamente – são eliminados rancores e antigos, rivalidades seculares.

Já em “Juruna, O Espírito da Floresta”, é narrada a história de Mário Juruna, o primeiro índio a eleger-se deputado federal, sendo abordados na obra o pensamento indígena e as formulações existenciais e políticas originais da etnia.

Completam a programação da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul uma série de curtas-metragens de sucesso no circuito de festivais, como o surpreendente “Meu Companheiro” (Juan Darío Almagro, Argentina), o experimental “Halo” (Martín Klein, Uruguai) e os brasileiros recentes “A Casa dos Mortos” (Debora Diniz), “Carreto” (Marília Hughes e Cláudio Marques), “Avós” (Michael Wahrmann), “Dias de Greve” (Adirley Queirós), “Ensaio de Cinema” (Allan Ribeiro), “Dois Mundos” (Thereza Jessouroun), “Mãos de Outubro” (Vitor Souza Lima) e “Groelândia” (Rafael Figueiredo).

5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

Goiânia: 3 de dezembro a 9 de dezembro de 2010

Nacional: 8 de novembro a 19 de dezembro de 2010

Realização: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Produção: Cinemateca Brasileira

Patrocínio: Petrobras


Coordenação e Produção Local:

ICUMAM – Instituto de Cultura e Meio Ambiente

Contatos: Maria Abdalla

Assistentes: Joelma Paes e Erasmo Alcântara

62 3218 3779 e 9972 7101

producao@icumam.com.br

Mais Informações:

ProCultura

Flávia Miranda (flavia@procultura.com.br)

Daniele Tomadon (daniele@procultura.com.br)

Telefone: (11) 3263.0197

Site: www.cinedireitoshumanos.org.br

www.direitoshumanos.gov.br


Prof. ms. Euzebio Fernandes de Carvalho

Universidade Estadual de Goiás - Unu Porangatu

Didática e Prática de Ensino de História

Graduação em História

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A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos (Marx)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

“Pontual”, por Tulipa Ruiz (Álbum Efêmera, 2010)

 

A cantora paulistana Tulipa Ruiz nos brinda com uma música simpática, revelando a gostosa relação entre o cinema e a criação musical. Na música “Pontual”, de seu álbum “Efêmera”, lançado neste ano que se finda em breve, a cantora com nome de flor mostra que o cinema é um mote sempre fecundo para falarmos sobre a sociabilidade, o cotidiano, as relações pessoais.

Vejam a parte literária da música:

“Creia, na boa,
queria ter chegado cedo mas hoje não deu
e no momento em que eu perco o filme do começo
não dá pra voltar
Chego quando abrir a sessão das dez
Vou assistir
Até que me organizei pra chegar
Não deu e foi mal, foi mal, não foi por mal
Queria tanto ler o letreiro
Saber de cara quem será na história o vilão
Ação, suspense, filme de ninja ou de amor
Próximo filme vou ser pontual
Pontual, pontual, pontual, pontual, pontual”

Não percam o toque chiquê retrô descolado da música. Dá pra sentir a influência da Jovem Guarda e de um “ambiente” anos 60.

Tulipa Ruiz e Zélia Duncan, em Pontual.

Por uma infância sem racismo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O cinema pode educar?

 

Em seu texto Por que cinema?, Roseli Silva (2007) acredita nas possibilidades educativas e éticas do cinema. Estes outros ‘usos’ do cinema viriam na esteira da experiência estética específica oferecida pelas películas áudio-visuais. Pergunta a autora: “se nos emocionamos com o cinema, por que não podemos aprender? Ele é somente diversão?”

De início, podemos lembrar à autora que a educação não está entre os objetivos primordiais no processo de criação da obra cinematográfica, principalmente, no “filme comercial”. O alto custo de produção envolvido neste processo coloca em segundo plano uma série de possibilidades para o filme. Antes de qualquer coisa, um filme significa um alto investimento. Dependendo do filme, chegamos à cifra dos milhões. Assim, seguindo a lógica do mercado, um alto investimento, requer alto lucro e, de preferência, com poucos riscos. É por causa disto, que os realizadores de “filmes arraza-quarteirões” (tradução para o português da expressão inglesa “blockbusters” que não é muito empregada entre nós) diminuem ao máximo a possibilidade do fracasso. Eles querem sucesso de bilheteria, querem povo, querem números, querem quebrar recordes! Isto significa que para ser um “sucesso de bilheteria”, o filme deve se comunicar com o maior número possível de pessoas. Aqui entra em cena um paradoxo. Lembramos de uma preciosa frase de Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra”. Ou seja, se os realizadores querem (e precisam) conquistar o maior público assistente possível, não deixam muito espaço para os riscos, tão necessários à criação artística (por sinal, para se criar, antes é necessário destruir). Sendo assim, eles buscam uma recepção fácil entre a platéia, querem sensibilizar, comunicar com o maior número de pessoas: agradar a gregos e troianos. A única forma segura para isto é operar na chave do senso comum, da grande Doxa, ou, para valorizar nosso dramaturgo brasileiro: valorizar a burrice nas pessoas. Usam chavões, apelam ao senso-comum, operam com os preconceitos, recorrerem às fórmulas prontas. Quais as conseqüências?

Para os iniciados nesta arte, os chamados cinéfilos, os ‘nerds’ da sétima arte, o filme comercial – feito para o sucesso dos números – não acrescentará muito em sua cultura fílmica, na sua história da fruição, no seu rol de sensações e emoções vividas ao longo dos vários anos apreciando uma infinidade de filmes. O “filme comercial holywoodiano”, como é conhecido, não traz nada de novo em termos de experiência estética para seu assistente amante. Claro é que esta situação não é uma regra no mundo em película. Se assim o fosse não teríamos, quando em vez, filmes que são, ao mesmo tempo, “sucesso de público e crítica”, outra expressão ordinária nas páginas dos jornais. Mas este pano é para outras mangas.

Por hora, estamos aqui a pensar se se é possível educar por meio de filmes. Recentemente, saboreei o livro de um canadense, crítico de cinema, que propõe ao filho desinteressado pela escola, trocá-la por sessões particulares de cinema. O pai elencou uma série de “filmes clássicos”, de sua preferência, para que os dois assistissem e depois debatessem cada obra. Claro em ficou que a proposta educativa do pai crítico que teve maior sucesso foi a da estética. Ao acumular um capital cinematográfico, escolhido a dedo, logo o filho tornou-se seletivo e passou a ver as qualidades artísticas dos filmes, inclusive, desenvolver um gosto diferenciado do pai, que apesar de discordar do cânone do filho, respeitava-o. Para além desta educação estética, o projeto pedagógico do pai só teve sucesso na esfera privada do filho. Os dois passaram a conviver em decorrência do compromisso de assistir aos filmes e em debatê-los. Assim, tornaram-se mais próximos e logo surgiu entre os dois uma amizade e uma cumplicidade muito rara entre pais e filhos. Fora este trunfo, para mim, o projeto pedagógico do pai falhou, monstruosamente, em substituir o da escola.

Voltando a questão que a autora nos apresenta em seu livro (qual seja, assim como o cinema emociona, também educaria?) por hora, nossa opinião é a seguinte: os filmes que se propõe a educar são, na maioria das vezes, chatos. Podem despertar nossa curiosidade... nos informar sobre um tema... e só. Cinema é mais que isto! É mais que educação, é mais que informação, é mais que realidade. Assim, eles não devem ensinar, ao menos, somente isto. Eles devem ser cinema. Agora, se nós professores usamos o cinema com objetivos didáticos, é um problema nosso. O problema/função/destino/missão d@s cineastas é criar!

ref: SILVA, Roseli Pereira. Cinema e educação. São Paulo: Cortez, 2007.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Avatar (2009)

Hoje é meu aniversário (14/08).
Diante do cansaço dos últimos dias, era quase meia-noite e me permiti assistir a um filme.
Na decisão, a curiosidade deu o mote e decidi por Avatar, de James Cameron.
Ao meu ver, a grande referência do filme é a história da colonização do Continente Americano, no período em que Hegel chamou de Idade Moderna, mesclada a do Continente Africano, posteriormente, ao longo do século XIX. Em relação à América, o signo principal é a floresta Amazônica, com sua pujança de umidade, cor e diversidade. Quanto à África, as referências podem ser percebidas pela constituição do figurino e de certa performance dos grandes personagens azuis. A despeito da cor, dos caracteres físicos e do tamanho incomuns, em muitas cenas, o que eu via era as representações iconográficas dos povos africanos presentes nos quadrinhos do Fantasma, por exemplo, ou no cinema chinfrim hollywodiano, como os ‘black faces”. Os rituais religiosos, principalmente no momento em que todos estão orando/rezando para a Árvore Sagrada (presente em diferentes mitologias), antes do confronto principal com os invasores, lembraram-me as formas como os rituais do candoblé são recriado na imaginação dominante, no senso comum.
Depois disto, a estrutura do enredo é, por demais, simplória. É tão careta quanto os roteiros daquilo que comumente chamamos de “Filme Sessão da Tarde” (Referência a um antigo programa semanal de exibição de filmes que a Globo, filha da Ditadura, apresentava. Nem sei se ainda existe, pois há mto tempo não assisto televisão e, quando fico em casa durante a semana, há infinitas coisas mais interessantes a serem feitas que desperdiçar-me diante de coisas tão inúteis). A consequência imediata de referencial tão batido e repetido é a prevesibilidade da história. A sensação dominante é “já vi isto antes”.
Uma amiga chamou a atenção para as referências ao mundo digital, a cultura dominante para a maior parte do público a que se destina o Avatar: as conexões USB. Torna-se hilário pensar nas conexões dos nativos de Avatar como nossas conexões via USB.
Não posso esquecer de dizer também que a existência dos dois mundos, o real (dos humanos) e o emulado (pelos humanos), por meio dos avatares, lembra mto a trilogia Matrix. No filme de James Cameron, o recurso cinematográfico para distinguir tais mundos ficou a cargo da fotografia, por meio da utilização da cor, e da tecnologia, posto que o mundo do Avatar é, antes de qualquer coisa, resultado digital, ou seja, da realidade virtual, do efeito especial em oposição ao mundo dos humanos que, mesmo com a utilização da tecnologia, ainda é majoritariamente analógico. A emulação por meio do avatar é só mais um recurso óbvio do filme. Preciso dizer que a obviedade não é problemática em si, posto que a originalidade é mais algo utópico que materialmente possível, historicamente. O problema do filme reside em ser óbvio de forma gratuita, pouco inteligente e preguiçosa.
Ademais, o professor Jean-Marie Lambert escreveu em artigo publicado no jornal O Popular, de 9 de maio de 2010: “O homem feito de matéria estelar a compartilhar o mundo em pé de igualdade com as plantas é imagem que tomou conta de sua [James Cameron] ecocêntrica. Porém, árvore é incapaz de reflexão ética ou opção comportamental… o que recoloca automaticamente o filho de Eva no centro como o único gestor potencial do sistema”. A despeito do materialismo de Jean-Marie, a filosofia ecocêntrica de Avatar somente esvazia a mística e o misticismo da Natureza.
Sem mais, eu prefiro o mundo analógico, contraditório, mau do que a chatice politicamente-correta e “feliz” do mundo do Avatar.
Viva a contradição!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

pelo interfone

“Este é um dilema que nem o cinema pode resolver”, dizia o Ritchie da década de 80.

O que esta assertiva nos diz? O mais óbvio: o senso comum acredita que o tal “final feliz” é sempre uma solução cinematográfica para resolver os impasses espinhosos apresentados ao longo da trama. estas, por mais complicadas que se apresentem, estão direcionadas ao fim. nele, espera-se, as soluções nos sejam apresentadas.

esta é a formula tradicional das narrativas de filmes comerciais. Neles, a solução apresenta-se pronta. resta-nos acatá-la. portanto, não há espaço para o espectador.

Contudo, há outra ordem de filmes. aqueles que não acabam com o final. eles nos impõe dilemas, perguntas. exige-nos que continuemos a pensar na problemática apresentada pela narrativa cinematográfica para além do final. estas obras são, por isto, dialógicas, ou seja, não somente propõe o diálogo, mas o toma como elemento estrutural, no momento de sua feitura. assim, temos nosso espaço reservado estas obras. no momento de sua concepção, nossa existência já é valorizada. legal, né? para a minoria, sim. para o “popular”, não. quanto menos este for exigido, melhor. o grande público não quer pensar, quer ser entretido, somente. há portanto uma oposição: filmes populares tem sua narrativa pronta e estabelecida. os filmes complexos, dialógicos, quase sempre rotulados de alternativos, não. eles pretendem estabelecer um diálogo com seus espectadores. quase sempre, esta é uma regra. mas, temos sempre as boas surpresas.

qual tipo de filme você gosta?

terça-feira, 6 de julho de 2010

“Testemunhas de uma guerra” (Triage) / 2009

1988 é o tempo da matéria enunciada. A ação transcorre no Curdistão. Acompanhamos dois fotógrafos que  registram cenas de um acampamento curdo. Diz o médico após a triagem: “na minha vida solitária, tivemos oito guerras. Duas com os turcos, três com os iranianos e três com os iraquianos […] todas as vezes fomos derrotados. Isso é o que os curdos fazem melhor: ser derrotados”. A triagem decorre do diagnóstico do médico. As vítimas mais graves são executadas pelo próprio médico, enquanto outro soldado faz as preces. Acompanhamos uma ofensiva contra Saddan Hussein.

Mark, o fotógrafo irlandês é ferido na ofensiva e se vê na mesma situação dos outros feridos que passam pela triagem, momento em que o médico diz: “as pernas são o maior problema. Mas é sempre assim. Pernas, pernas, pernas. Para cada dez braços, já amputei dez pernas. As pernas modernas não são feitas para a guerra moderna”. Os diálogos deste personagem são bem elaborados. há uma certa altura, ele proclama: “a dor é sempre preferível à dormência”.

Ao contemplar uma fotografia, a namorada de Mark assevera: “A beleza é sempre esperançosa”

Quando percebem que os problemas de saúde de Mark é uma somatização dos traumas de guerra, decidem pelo tratamento psiquiátrico: “tudo é um jogo pra você, senhor Walsh?”, pergunta-lhe o especialista. –“Eu não sei. tudo parece um pouco… idiota”. Antes de pronunciar a última palavra, o fotógrafo inspira fundo, como a tomar coragem para pronunciar algo que demarcaria seu posicionamento naquele campo de poder, assim como a avaliar o suposto tratamento. –“Talvez seja. Mas estou tentando ajudá-lo. E, em quinze minutos, vou sair e serei pago, quer você responda às perguntas ou não. Enquanto você ainda ficará deitado aí, incapaz de andar. A essa altura, creio que a idiotice tenha várias formas” –“já esteve em uma zona de guerra, doutor” –“não. Mas já tratei pacientes que estiveram lá”. –“tudo bem, sem ofensa, mas não é a mesma coisa” –“não, não é a mesma coisa. Mas isso significa que só podemos compreender o que experimentamos diretamente?. Só quem foi estuprado pode aconselhar uma vítima de estupro?” –“Talvez”.

A “rapidez” das legendas é uma dificuldade a mais para o filme. O inglês da Irlanda é certamente mais “acelerado” que o da Inglaterra. que, para mim, já seria mais acelerado que o estadunidense. Certamente, Colin Farrel está tranquilo em um papel que remete sua cultura pátria.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"It Might Get Loud" (2008)

rata-se de um documentário sobre guitarristas: Jimmy Page (Led Zeppelin), The Edge (U2) e Jack White (Várias), dirigido por Davis Guggenheim. Pode ser um bom mote para um diálogo com adolescentes ou adultos descolados que envelheceram como seus idolos juvenis.

O filme apresenta músicos de gerações diferenciadas. Talvez o diálogo intergeracional seja o ponto principal do documentário. Um jovem cujo auge artístico ocorreu nos anos 70, como guitarrista da banda Led Zeppelin. Outro que despontou no cenário da cultura pop na segunda metade dos 80's, como guitarrista do U2, uma banda marcada pelo engajamento político. O terceiro é um artista retrô, que explora a genealogia mais tradicional do rock: o blues da década de 30.

Uma chave de leitura interessante para trabalhar o documentário em sala de aula seria a comparação entre as experiências juvenis dos três artistas, caracterizando-as em suas temporalidades e espacialidades. A perspectiva do filme é um pouco limitada, pois restringe-se à artistas oriundos de países de economias desenvolvidas. Ao mesmo tempo, este fator mostra que a industria cultural esta intimamente relacionada ao desenvolvimento do capitalismo e ao o universo cultural da lingua inglesa.



Outra possibilidade seria escolher o "trabalho" como categoria de discussão. Gerlamente, o senso comun tende a não reconhecer como trabalho as práticas artísticas, o trabalho comunitário, o trabalho político etc, recobrindo-os de preconceitos. No documentário, podemos perceber como a música, a partir de um instrumento, a guitarra, evidencia o alto investimento de tempo, dinheiro, estudo e criação por parte dos músicos. Isto mostra outra dimensão do mundo do showbisness: o sucesso não é somente obra do acaso, mas também do trabalho metódico e disciplinado. Os músicos estudam as obras de outros guitarristas (dimensão da pesquisa), conhecem a história do seu ofício, dominam a técnica de seus instruementos (em especial o The Edge, que é conhecido como arquiteto do som).



Neste sentido, o rock e, talvez seu símbolo maior, a guitarra podem ser abordados numa dimensão mais (in)formativa. E não somente como uma manifestação cultural efêmera, como é largamente tratado pela sociedade.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Caso 39", fala sobre o quê?

Case 39 (2006-2010) é um filme de gênero. Um misto de suspense e terror. A mão firme do diretor  imprime personalidade à sua narrativa. Há estilo, certamente. Comecei a ssistí-lo sem muitas expectativas. Logo fui encantado pela narrativa, e por certa disconfiança: uma obviedade instigadora. No início, os pais que tentavam desesperadamente matar sua filhinha, não me pareceram de todo culpados (Bizarro isto, não?). Esse foi o mote que me levou a trilhar a história.

A cópia que assistia era horrível: pirata, legenda PÉSSIMA (que se tornou uma atração à parte), áudio em descompasso com as imagens... um desastre! Sem falar que a capa pirata o apresentava como o novo filme de Alejandro Amenábar Ágora… Mesmo assim, a história que se iniciava me oferecia certa atração.

Trata-se de um filme de Christian Alvart, alemão, 35. De sua autoria, são: antibodies (2005), e Pandorum (2010). Bom, sobre o filme não vejo muito o que se dizer (não há nada de novo sobre o Equador, desta vez). Talvez, seu ponto central seja a construção do sentido do medo/terror a partir do corpo frágil de uma criança de 10 anos. Nesse sentido, culturalmente, o filme traz uma inversão de representações sobre a infância e a criança. Tradicionalmente, segundo uma forte influência judaico-cristã, os "pequeninos" chamados por Jesus foram recobertos - pelo menos a partir do século XIX, após a ascensão dos valores burgueses, no Ocidente -, de uma áurea de inocência e fragilidade. É justamente este o ponto invertido pelo filme.

Diz o Evangelho de Lucas: "Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam. Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir à mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará." (Lucas 18,15-17)

As representações do mal, presentes no filme Caso 39, invertem esta mensagem cristã. Nele, o mal nasceu e reside no corpo de uma criança. É um demônio em crescimento! Situação que cai perfeitamente em algumas pestinhas.

Ao longo da narrativa, talvez os momentos mais interessantes sejam aqueles em que vemos o medo sentido pelos adultos frente à pequenina menina de cabelos pretos e tez pálida como a de um defunto (sem falar nos olhos negros). A "pegada" do diretor relaciona-se, em alguma medida, à sua trajetória de vida: foi criado em um ambiente cristão ortodoxo. Aliás, o nome recebido de seus pais nos dá uma pista dos valores de sua família: Cristiano/Cristão.




Neste ponto, percebemos que o filme é sintoma de uma característica presente em nossa atualidade: a dificuldade dos pais em impor limites aos filhos. Esse sinal dos tempos marca a construção do sentido e do lugar do medo no discurso do filme. Certamente, a película dialoga com os impasses da educação familiar durante a infância, em nossos dias presentes. Quem já presenciou um happening satânico e infantil em um espaço público? O que chamamos de "birra" (ah seu menino birrento!). Estas cenas são tão constrangedoras para quem assiste quanto, imagino, para os pais. Uma criança caída ao chão em prantos e gritos é a visão do inferno! Muitos pais, acredito, sentem-se impedidos pelo olhar público a fazer qualquer correção no comportamento do infante. Quanto não seria útil um belo tapa na bunda birrenta!

Quanto a isto, vejam a fala do diretor, em entrevista ao Jornal do Brasil:
– Vejo a história dessa criança maligna como uma metáfora para a paternidade moderna. Os pais acreditam que querem o melhor para os seus filhos, não importa a que geração pertençam. Há 50 anos, os filhos que saiam da linha, muitas vezes, eram punidos com violência, até em público, e ninguém podia interferir. Hoje em dia, todos vigiam o comportamento dos pais em relação aos filhos, inclusive o Estado. O que pode ser uma coisa boa, contanto que não se cometa excessos. Há muitos livros sobre como criar um filho, as pessoas temem estar fazendo algo errado – compara o diretor, que sente o problema na pele. – Tenho três filhos, virei pai muito jovem, o primogênito já tem 10 anos, e me identifico muito com a questão.

Guardada milhas de distência, lembramos de outro filme com muitos mais predicativos do que este. Trata-se do ótimo "Deixe ela Entrar". É uma belo filme: complexo, bem realizado, que faz a mesma associação infância e malignidade, com muito mais qualidades.

No Caso 39, o destaque, além da atuação carismática, mas sem novidades da atriz Reneé Zellwegger, é a presença da mirim Jodelle Fernand (que interpretou uma jovem vampira no novo "Eclipse").

Mas o final óbvio (claro, o bem triunfa sobre o mal!) é literalmente um banho de água fria (também) em quem assiste.

vejam o trailer:


A edição do trailer, para assegurar o suspense que acompanha a primeira metade do filme, não dá a perceber quem é o monstro. Talvez, um exercício interessante seja, após o final do filme, re-assistir o começo, buscando identificar as fragilidades da narrativa. Este é um típico filme de reviravolta na narrativa. Exemplos clássicos são Os outros e Sexto Sentido. No Caso 39, quem parecia vítima no início, torna-se o algoz mor. Em prol da garantia do clima de suspense presente no início de narrativas deste tipo, muitos diretores forçam um pouco a barra, desrespeitando a inteligência do expectador. O que você sentiu?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

"Herry Brown": passado contra presente

Ficha catalográfica
Diretor: Daniel Barber
Produtor: Matthew Vaughn; Kris Thykier; Matthew Brown ; Keith Bell
Roteiro: Gary Young
Elenco: Michael Caine; Emily Mortimer; Ben Drew; Charlie Creed-Miles; David Bradley; Jack O'Connell; Liam Cunningham
Musica: Martin Phipps; Ruth Barrett; Pete Tong; Paul Rogers
Fotografia: Martin Ruhe
Edição: Joe Walker
Studio Marv Partners; UK Film Council; HanWay Films; Prescience; Framestore Features
Distribuição: United Kingdom; Lionsgate; United States; Samuel Goldwyn Films; Destination Films
Data de lançamento:
United Kingdom, November 11, 2009
United States, April 30, 2010, (limited)
Australia, May 25, 2010
Duração: 103'
País: Reino Unido
Língua: Inglês







Valho-me do historiador inglês, Eric Hobsbawn, que afirmou no primeiro texto de Era dos Extremos: dentre as principais características do século XX, uma seria a crise geracional sem precedentes ocorridas em meados deste século. Numa apresentação breve, disse o historiador que o mundo que se configurou no pós-Guerra, cada vez mais foi marcado por novidades históricas que o distanciava da sociedade anterior. Contudo, o padrão dominante na cultura/mercado/política deste novo período era marcado por uma visão de mundo velha/envelhecida. Assim, ocorreu um fosso geracional. Trocando em miúdos: um novo mundo era governado por velhas pessoas e seus valores. O rock, a contra-cultura, a insurreição juvenil vista nos 60’s seriam indícios de um impasse geracional: o novo mundo/ o novo tempo exigia novos valores, um novo governo.





Bom, aqui chegamos ao “Herry Brown”. Grosso modo, diante do exposto, o filme seria uma desforra da velha gerontocracia que marcou presença na primeira metade do século XX. Fazendo as contas, o personagem que dá nome ao filme teria por volta de oitenta anos. Portanto, nascido por volta de 1930. Por isto, pode ser tomado como um representante da última geração do velho século XX. A geração seguinte, esta sim, poderia, pela primeira vez na história, ser chamada de “jovem” (de acordo com o sentido atual da palavra). Nos termos atuais, a juventude foi uma experiência histórica somente vivenciada pelas pessoas que nasceram a partir de fins da década de 1940. Isto significa que nunca antes houve jovens como entendemos hoje.

Assim, o personagem Harry Brown poderia ser visto com o passado que triunfa sobre o presente. Ele, um velho militar, home de outro tempo; tempo do casamento, da descendência, da casa, da família. Os jovens (homens e mulheres do presente) são representados de forma oposta: pessoas vazias de afetividade e sentido que buscam na marginalidade, na agressão física e nas drogas, elementos que dão sentidos às suas existências vazias.

Então, Herry Brown em sendo o “herói” da trama, o passado mostra ao presente (jovens marginais) o triunfo de seus valores. Nesta relação de sentidos, o passado é lugar da justiça; o presente do crime. O passado, lugar do sentido; o presente, do vazio. Neste mundo de simplista de oposições binárias (explicitadas com excesso de obviedade na narrativa fílmica), o passado, de arma em punhos, mata o presente. Isto, ao menos no transcorrer da segunda metade do filme.

Ao final, quase todos os personagens da trama estão mortos: velhos, jovens e intermediários. Aliás, esta hierarquia geracional constitui a chave pela qual vimos o filme: a) o Velho-Passado (Herry Brown) representa o herói: lugar do bom, do bem e da justiça; b) o Presente-Jovem / Traficante-Criminoso é o bandido: lugar do ruim, do mal, e do crime. Entre os dois, figuram os intermediários (para manter a lógica binária do filme são dois, um homem e outra mulher). Dentre os policiais que figuram na trama, somente dois ganham destaque na trama: uma agente é representada como digna e justa; o outro, como indiferente aos problemas da degradação da sociedade. Nela, buscaria apenas sobreviver em sua profissão. Entre as três categorias geracionais (velho, jovens e intermediários) não há solução possível para além da morte de quase todos.

Um triste presente traçado em um triste filme regular. Nossa breve análise não significa que o filme poderia ser classificado como diferente de “regular”. Concordamos como o referido crítico. Contudo, procuramos assisti-lo para além de suas características e méritos da linguagem cinematográfica. Como diz aquela máxima: para a história, todo filme é bom. Viria a calhar um complemento: para a história, todo filme é uma boa fonte para pensar a sociedade presente.

Um ponto positivo: neste filme temos a possibilidade de ver como a representação da polícia inglesa diferencia-se da nossa. Os policiais não usam armas na rua, nem no confronto físico com a população revoltada. A idéia é contenção, não repressão, com entre nós. (nesta chave de leitura, compare o presente filme com o Tropa de Elite, por exemplo).


Agora, se tens tempo disponível, use-o com filmes mais complexos. Uma dica precisa: assista ao “Gran Torino”, feito por outro velhinho (Clint Westwood). Garanto que muitos e diferentes problemas estarão nascidos ao final da assistência. Portanto, sua experiência cinematográfica será mais rica e complexa do aquela oferecida por “Herry Bronw”.

É só o fim!





“Harry Brown” foi classificado por André Barcinski, crítico de cinema da Folha de São Paulo (FSP), (Ilustrada, E6, 27/06/10), como “regular”. Você concorda?

Quanto a mim, a despeito do projeto gráfico enxuto e modernoso da capa do DVD lembrar os anos setenta; do sobrenome “Brown” ter me trazido à memória um delicioso e verdadeiramente estiloso filme de Tarantino (qual filme de Tarantino não seria estiloso?); minha esperança não sobreviveu ao The End. Com uma espécie de morte anunciada, na capa do DVD, vem a referência ao sincero filme de Clint Westwood: “Se você gostou de Grand Torino...”. Essas frases de efeito (mercadológico, claro) devem despertar desconfiança! Se uma obra não apresenta qualidades autônomas (que deveriam garantir em si) é denunciadora a solução de buscar legitimidade em associações com outras obras. (traduzindo: os autores da frase queriam dizer: Grand Torino foi um bom filme, este é tão bom quanto). Aliás, este tipo de comparação deve despertar a desconfiança. A despeito de pensar assim, de já acreditar nisto, decidi investir. As cenas iniciais foram minimamente suficiente para garantir minha atenção: fotografia sóbria, poucas cores, silêncios... mas, ao mesmo tempo, vieram os clichês e a obviedade das imagens/narrativa. Claro que a performance do protagonista (Michael Caine) me ajudou a ter esperanças em assistir a um bom filme.

O critico do jornal classificou o filme como “filme de justiceiro, na linha Desejo de Matar”. Não tenho um bom capital cinéfilo de filmes de ação que me capacitem a fazer tal afirmação. Não me lembro de ter assistido a sequer um filme de Charles Bronson. Claro que minha censura consciente impede tais lembranças. Mas, a princípio, não tenho nada contra filmes de ação, ou filmes de qualquer gênero que seja. A beleza nasce em qualquer lugar, como ensinou a mestra em estética, Maria Bethânia, ao regravar “É o amor”, da dupla Zezé di Camargo e Luciano. (Notou como a existência do “di” em oposição ao “Zezé” potencializa a “breguidade”?). Mesmo assim, Bethânia, conseguiu ver beleza na canção. Conseqüentemente, fez um punhado de gente que, se antes torcia o nariz para músicas para as sertanejas por puro preconceito (por sinal, gente intelectualizada, de classe média), depois, pagaram entradas caríssimas para ouvi-la cantar tal petardo popular. Mas esta história possui vários desdobramentos que fogem aos objetivos deste texto. Por sinal: tecer considerações que articulem o conhecimento e o ensino de história ao discurso cinematográfico.