quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cinema das massas, consciência crítica e dinossauros

[Segue convite para a palestra O cinema do feitiço contra o feiticeiro: cinema de massa e crítica da sociedade, por Leonardo Carmo seguida de lançamento de seu livro homônimo (publicado pela PUC-GO). Abaixo, o simpático e-mail do autor seguido de divertidíssimos comentários, tão verdadeiros quanto cinematográficos. Agradeço pelo material de divulgação enviado pelo querido historiador e sempre professor Antônio Luiz de Souza, ou “Lwyzx”, para os iniciados]

Mensagem original de: Leonardo Carmo < leonardo.carmo@gmail.com >
Caríssimos amigos/amigas, em anexo o convite. Espero que possam comparecer. Peço divulgação junto aos conhecidos. Vamos fazer uma festa bonita! Abaixo comentários sobre a obra ao redor do mundo.
Grato.
leonardo carmo.

Capturar

O livro
 
cinemadofeitico
 
Comentários:
“Se nascido em Liverpool,  Leonardo Carmo teria sido o 5º Beatle”. Paul McCartney, em comunicado da Apple.
“Dinossauros do mundo, uni-vos”. Karl Marx, em manifestação na Praça Vermelha, Moscou
“Leonardo é um charmoso dinossauro da terceira idade”, Jane Fonda, em entrevista na Casa dos Artistas de Iowa, USA.
“Por que eu não escrevi este livro?”, Paulo Coelho, do Tibete
“Caramba, nem eu sabia ter realizado um filme tão bacana. Thanks man", S. Spielberg, rodando filme na Ilha do Bananal
“Gostei muito. Vou gravar”, 'Amado Batista
“Nunca em uma única obra, tanta guerra e tanta paz!”, Leon Tolstoi, escritor e camponês russo
“Leonardo autografou este livro na Basílica de São Pedro. Sucesso extraordinário”, Papa Bento XVI
“Excitante, sensual, perigoso. Compre e leia. Logo será proibido”, Carlos Zéfiro, quadrinista
“Obra de um dragão! Este livro veio aquecer ainda mais a economia da China”, Xi Jinping, seretário geral-geral do PC-chinês.
“Gostaria de ser dirigido por Leonardo Carmo em um filme”, Leonardo Di Caprio, ator.
“Eu não quero ser um camelão. Eu quero ser Leonardo Carmo”, David Bowie, rockstar
 
Vídeo de divulgação


Matéria publicada no jornal O Popular
06.11.2012 O Popular-Magazine-Cinema e educacao na era dos Dinossauros
 
Texto do autor
O cinema do feitiço contra o feiticeiro é um dialogo com o ensaio – a obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica - do filosofo alemão Walter Benjamin . Recentemente esse ensaio recebeu tradução direto do alemão para o português em edição da Editora Zouk, com apresentação, tradução e notas do professor Francisco De Ambrosis Pinheiro Machado que recomendo a todos os interessados na problemática da arte no contexto da industria cultural. Meu dialogo baseia-se em outra tradução mas ao ler essa do professor Francisco me senti feliz pq percebi que intuitivamente que meu dialogo está no contexto dessa bela tradução. Ou seja, creio ter mesmo entendido o núcleo desse ensaio. No Brasil foi publicado uma tradução em 1968, a qual eu li e descobri que Glauber Rocha também a leu ele cita esse ensaio em Revolução do Cinema Novo e eu comento isso em livro que espero ser editado aqui em Goiânia e cujo título é O Cinema da Metafísica Bárbara onde analiso filmes experimentais, o oposto do Cinema do Feitiço, mas com base em Walter Benjamin, numa coletânea que eu chamo A historia no cemitério dos sonhos dialogando com outros textos de Benjamin. A história da recepção desse ensaio é complicada e não vamos historicizá-la nessa tarde. Mas essa tradução é particularmente valiosa porque se trata de uma das versões, a de 1936, aquele que o autor considerava mais apropriada de ser publicada. Portanto, nesse momento da terceira guerra mundial esse espetáculo é um manual de resistência contra as atuais formas do nazi-fascismo que domina a política, a economia, a técnica, a cultura, a educação e os meios de comunicação, entre eles, o cinema. Meu livro é sobre o cinema como um instrumento de combate ao fascismo. As formas totalitárias da existência que vão do fast-food a fenômenos financeiros como o de Marck Zuckberg, criador do Facebook, uma ferramenta que deveria ser analisada do ponto de vista das técnicas de reprodução assim como todas as outras redes sociais. O ensaio é um desafio à capacidade de análise e investigação da exploração do homem pelo homem no contexto da globalização.
Assim, antes de iniciar, vou dar duas linhas de notas biográficas minhas. Eu sou de Campinas. Estudei nos Cines Campinas e Eldorados. Fui aluno do primeiro poeta urbano de Goiânia Newton Rodrigues, o Escurinho, um negro marginalizado que criou uma sub-cultura e transformou Campinas em um espaço imagético poderoso, sem o qual eu não poderia pensar o que penso. Uma cineasta de Goiania, Claudia, Nunes, muito bacana, fez um documentário sobre o Escurinho e o Mauricinho Hippie, os subversivos e visionários goianienses, dois poetas extraordinários, como Rimbaud e Paul Verlaine. Não tem muito a ver o Escurinho e o Mauricinho. Conheci muito bem os dois e em janeiro desse ano conversei com o Mauricinho e ele me disse que Claudia foi corajosa pq ela fez um filme sobre o Deus e o Diabo na Serra Dourada, um filho de Nelson Mandela Com Clementina de Jesus e outro filho de Cora Coralina com Lampião. Estou dando a vocês o mapa goiano, a zona erógena, a libido do sertão goiano. Antes de Escurinho e Mauricinho os maiores poetas são Amado Batista e Odair José. A dialética do brega não é para qq um. Se Jacques Lacan estivesse na mesa talvez concordasse comigo. Ou iríamos para o pau os dois. Amado e Odair são poetas extraordinários. Deveriam ser convidados para integrar a Academia Goiana de Letras. O que pode parecer non-sense para vocês, é antropofagia pura. Eu comi Oswald de Andrade com pequi. Antes de ler Benjamin, eu estive nessa praia sem mencionar Brasão, Brasãozinho e Loló ou as Irmãs Galvão e claro, Marrequinho. Curto Schoberg mas adoro uma Folia de Reis.
Sobre o livro, objetivamente, procuro responder uma pergunta: é possível construir uma consciência crítica a partir do cinema de massa? Esse é o oco onde perpassa meu raciocínio no livro. O conceito de massa é complicado. Em “A rebelião das massas”, José Ortega y Gasset no capítulo “Quem Mando no Mundo” observa que a denominação “ Idade Moderna” é nome nebuloso e inexpressivo sob o qual se esconde esta realidade: época da hegemonia européia. Agora, deixe que venha à tona em todos vocês o seu inconsciente brega e perceberão que o brega é superior à Europa. Outra referencia fundamental é “Massa e Poder”, Elias Canetti, que narra sobre o mandar e obedecer, matar e sobreviver, medo e voracidade, paranóia e poder. Massa é um conceito difícil, eu disse. Eu entro nessa discussão de carro-de-boi. É o meu veículo. Sem falar nos estudos de Siegried Krakauer sobre o cinema alemão dos anos 1920 e o seu ensaio Ornamento de Massa. Isso é para dar uma vaga idéia da caixa de marimbondos em que se insere o meu livro.
Eu evito uma discussão indispensável, claro, mas que não me interessa. Se a industria cultural permite a existência de uma arte autônoma, se existe arte com aura, arte sem aura, eu vou para uma ataque positivo: o cinema de massa pode sim emancipar, criticar, apontar rumos para o pensamento revolucionário, transformador, pode mostrar ao explorado e alimenta a própria exploração. Meu método de análise baseia-se nas teses sobe as tendências do desenvolvimento da arte sob as condições atuais de produção, cuja dialética não é menos perceptível na superestrutura do que na economia. Benjamin diz que para analisar uma obra de arte na época de suas técnicas de reprodução voce tem de largar mão de conceitos tradicionais como – criatividade e genialidade, valor de eternidade e mistério. Dizer que a Ana Maria Pacheco é genial ou que o Siron Franco é mágico nada diz de suas obras, antes, esconde o teor explosivo dessas obras. Podemos falar disso se quiserem, mais tarde. Fui ver Ana Maria Pacheco na Pinacoteca e fiquei sem dormir. Ela é mais assustadora que o Stephen King e o Zé do Caixão! O Zé do Caixão projeta Museu de 1 milhão reais em Sampa. Deveríamos construir um museu de 2 mi de reais para a obra de Ana Maria Pacheco aqui. A sua obra, se entendi, está próxima das formulações sobre as teses da filosofia da história do Benjamin. O Jurassic Park para mim é um espaço de redenção das massas. Benjamin fala de uma massa proletária com consciência de classe – entender isso no contexto dos anos 1930 – e de uma massa manipulada, nesse contexto que mencionei que é a pequena burguesia que vive espremida entre a burguesia e o proletariado. Hoje, é esse publico consumidor de Telenovelas e do BBB, e a inserção de massas analfabetas politicamente falando ungindo um ídolo que em nome do consumo e jogando as massas no mercado, trai essa massa, porque não mexe nas relações de propriedade, daí também, a rebelião das massas prisionais jogadas ao acaso, como todo o País está jogado, massa com acesso ao crediário das concessionárias, comprando no Ponto Frio do Shopping Interlagos – uma espécie de Bangoc – e nas Casas Marabraz e Baía. Eu analiso o Jurassic Park com os conceitos criados por Walter Benjamin. Essa é a novidade. Pode ser ruim. Mas é melhor o novo ruim que o velho bom.























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