sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fim de amor


[No caminho da vida de agora, tomei um atalho. escapo dos afazeres para dar expressão a esse monte de coisas que habitam meu pensamento ...confuso... o coração foi tomado por uma angústia existencial.

“tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”, coração.

é sempre triste o fim de uma história de amor. ainda mais quando estamos empenhados nela. a tristeza que vejo no fim de um amor nasce em oposição à esperança de todo início. o que é o início senão uma aposta otimista no desconhecido? 

se se entra aos poucos ou se atola logo o pé na jaca, é sempre uma aposta! nunca é um empenho qualquer: empenha-se a si mesmo no outro. lindo, não? esse é o começo… 

mas, aí vem o fim. mesmo em sua antepresença, não importa, o fim é sempre temido, à distância ou anunciado: fim da vida, do dinheiro, da saúde (… e essa tarde chuvosa imorrível não me inspira outra coisa além de melancolia)

eis a história anunciada do fim do amor. eu me vejo nela. na primeira pessoa, na ficção que conto, na verdade da experiência da vida do amigo…

acabar um projeto de vida (uma aposta no que não se conhece, tão bela e ariscada empreitada) é deveras um acontecimento triste. relembro da experiência passada pela amiga, dos traumas que enchem as músicas de amor, os dilemas que se mostram no cinema… salve-me, Maysa"! socorro, Nana Caymmi! Valha-me, Maria Bethânia! Ó trindade mundana do cotovelo dolorido. hoje, até Almodóvar falou de tristeza. coincidências tão imorais quanto factuais. é. tristeza gera tristeza.

Amigo, que posso eu fazer senão te ouvir? que razões tenho eu para lhe aconselhar? fico aqui comigo, no escuro de meu altar particular, junto com Maria Gadú, torcendo para que o The End seja bem óbvio: feliz. 

Que tu não vejas apenas o outro, mas o si que somente nasceu pelo outro. estar em outro: quer beleza maior (e talvez a única) de um relacionamento

querer permanecer, insistir, pode ser tudo: falta de iniciativa, excesso de conforto, a derrota antes do desafio… qual o quê! o fim nos dá medo. para mim e para você.

é o certo a fazer? o que há depois do término? “há vida após o amor?”, já se perguntaram muitos. 

salvem-me, ó religiosos! traga-me qualquer conforto barato e eficaz, instantâneo. meu coração quer receber sua mi$$ão evangelizadora. mas não me deixem só. fiquem aqui comigo, apertem minha mão. a solidão é a morte de qualquer relação. a morte é a solidão líquida/a morte é a solidão sólida. Apertem minha mão, não me deixem só. sinto o rumor das águas chegando. 

a morte é o medo último. Não, não quero o fim do amor. nem do meu, nem do de ninguém. mas, o que fazer? quando a alegria se manifesta na solidão do que era outrora amado, o que fazer?

os fins (apesar de tristes) também são necessários. inclusive, paradoxalmente, para nos mostrar da importância da continuidade. 

O que fazer?

“firma aí!”. segure no mourão da fé na vida. finca o pé na materialidade da experiência e fuja dos cornos da tristeza (mesmo que eles já lhe tenham rasgado o alforje em que trazias de um lado o futuro e de outro o passado).

finca o calcanhar no chão da vida.

e que venha o amanhã]
Dedico esse post @vanessadamata

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